Alma de Todo Apostolado: A nova evangelização e o perigo das novidades

 Já se passaram 50 anos desde que o Concílio Vaticano II foi realizado, e uma das principais intenções de São João XXIII ao realiza-lo era pregar a fé de sempre de maneira que o homem moderno consiga entende-la e segui-la. Notamos na história que a verdade não muda, mas muda-se a forma de transmiti-la. Se pegarmos um livro de cem anos atrás notaremos muitas palavras que não conseguimos entender, pois para os dias de hoje, já nem constam no dicionário.
 Mas no caso do Santo Concílio, muitos entenderam errado essa intenção de São João XXIII, e querem associar á pregação da fé e do Evangelho, as "novidades do mundo".
 Não é raro - e aqui não específico movimentos - ver encontros onde a oração é deixada de lado, e da lugar a uma série de brincadeiras superfulas e palestras que não dão em nada. Que comportam grandes investimentos em instrumentos musicais, em decorações, teatros, etc. Que tenham grafites de imagens de santos, de Jesus, de Maria, e outras coisas mais.
 Diante disso nos perguntamos: será que precisamos disso para atrairmos as almas?
 Dom Chautard nos conta um caso que viveu quando era Padre recém-ordenado. Ele saiu pela França visitando patronatos ( lugar que abriga crianças abandonadas) católicos. Passou por Paris, por Valdes-Bois, até que chegou a Marselha, onde conheceu o Padre Lallemant e o Cônego Timon-David.
 Dom Chautard, ainda sem experiência apostólica, viu que a obra ia muito bem, mas notou que nela não havia nada de mais. Numa conversa, ele perguntou aos dois qual era o segredo da fecundidade do seu apostolado. Veja o relato do Padre Lallemant e do Cônego Timon-David:
 "Banda de música, teatros, projeções, ginástica, jogos, etc, nada disso censuro. A princípio, eu também julgava indispensáveis esses meios; mas, afinal, não passam de muletas, utilizadas á falta de melhor.
 Quanto mais avanço, tanto mais meus fins se sobrenaturalizam, porque vejo, claramente, que as obras fundadas sobre as coisas humanas estão destinadas a perecer e que a Providencia só abençoa as obras que, pela prática da vida interior, aproximam, verdadeiramente, os homens de Deus.
 Os instrumentos musicais, há muito, estão para aí arrumados, o teatro tornou-se inútil; entretanto, a obra prospera como nunca. Porquê? porque, mercê de Deus, compreendemos melhor coisas do que a princípio, e porque temos mais fé na ação da graça.
 Procure, sem medo, os objetivos mais altos. Acredite nisso, e ficará surpreendido com os resultados. Explico-me: Não pretenda, apenas, proporcionar aos rapazes (aos jovens) algumas distrações honestas, que os desviem prazeres ilícitos e relações perigosas; não se contente em dar-lhes algumas aparências de cristianismo , por meio da assistência rotineira á Missa ou da recepção espaçada dos sacramentos.
 Duc in altum, "Faz-te alto" (Lc 5,4). Dos melhores, faça, antes de mais, cristãos fervorosos, isto é, conduza-os á pratica da meditação e da Missa diária, ás leituras espirituais e a Comunhão frequente. Consagre todo seu empenho, a infundir neste rebanho escolhido o amor de Jesus Cristo, o espírito de oração e penitência, a vigilância, numa palavra, sólidas virtudes. Desenvolva nas suas almas a sede da Eucaristia. Anime esses jovens a fazerem apostolado com seus companheiros. Faça deles apóstolos francos, dedicados, ardentes, varonis, de bom senso, sem devoções acanhadas e sem cair, sob pretextos de zelo, na triste extravagancia de espiar os seus colegas. Em menos de dois anos, já não precisará de instrumentos ou de peças teatrais para ter êxito.
 - Em suma, baseia tudo na vida interior? (perguntou Dom Chautard)
 - Sim, mil vezes sim ! porque com ela, em vez de uma liga, obtém-se ouro puro. E o digo sobre as obras da juventude pode-se aplicar a qualquer obra: paróquia, seminários, catecismo, escolas, círculos militares, etc; acredite na minha velha experiência. Quanto bem não produz , numa grande cidade, uma associação cristã a viver, verdadeiramente, a vida sobrenatural! Opera como poderoso fermento e só os anjos podem dizer como ela é fecunda em frutos de salvação." (pág 41 a 43).
 Corremos o risco de viver a vida toda com as muletas das novidades. Essas "muletas" só funcionaram se estivermos em estado de graça e com a vida interior em dia. E um exemplo disso é o Padre Paulo Ricardo. O que ele faz demais?
 Ele é um Padre que fala difícil, que tem vídeos longuíssimos e que, mesmo assim, os jovens são atraídos a Ele. Qual é a explicação para isso? A sua entrega a Deus, e a sua confiança na vida sobrenatural da graça.
 que sejamos assim também irmãos. Não outros "Paulos Ricardos", mas com os dons que Deus nos deu, façamos nosso Apostolado confiando mais na boa e velha graça de Deus, do que nas novidades do mundo.

Lucas Eduardo
Comunidade Geração de Maria

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